Para Hoje, 22 de maio

São meia noite e quarenta e dois minutos do dia 21/06 para  o dia 22/06.
Este horário é difícil pra mim, vou listar os motivos.

1) moro sozinha e a 250km do meu namorado e a solidão bate;
3) moro a 300km da minha família, e a solidão bate pela segunda vez;
4) já comi meu plano alimentar e não sinto fome física, mas a obsessão por comida não sai da minha cabeça;
5) é sábado para domingo e eu fico pensando em todas as coisas do mestrado (faço mestrado) que tenho que fazer no domingo e na segunda e tenho medo de não dar conta;
6) Eu sei que se eu comece uma caixa de bombom eu capotaria de exaustão por açúcar e fico pensando que essa seria a melhor saída.

Mas enfim, criei esse blog para não estar mais sozinha e conseguir encarar esses itens acima citados, quero passar por isso Só Por Hoje, quero ultrapassar meus limites e não me entregar ao açúcar, mesmo que eu passe a noite toda acordada.

Então vou começar a me planejar: primeiro vou deixar claro pra mim mesma que se eu sentir fome física vou comer, mas caso contrário tenho que encarar a vida sem colocar comida pra dentro. Afinal essa é a vida que "escolhi", então eu que encare.

Para me ajudar a encarar vou ler o "PARA HOJE", que é um livro de reflexões diárias de comedores compulsivos anônimos.

Vou escrever o que li:

"Para hoje, 22 de maio

A maior decepção que os homens sofrem vem de suas próprias opiniões (Leonardo da Vinci)

Aquele velho clichê, "todos têm direito à sua opinião", é de fato uma verdade. No entanto, isso não faz com que as opiniões de todos tenham o mesmo valor. No assunto "abstinência", por ex., como eu a vejo? CCA é baseado nos mesmo princípios que AA. Quebrar a abstinência representa para mim o mesmo que, para um alcoólico, tomar uma bebida? Sim. Entretanto, o comer compulsivo não tem as mesmas consequências imediatas: a comida não altera minha mente da mesma forma que o álcool, nem tão rápido. Você não pode sentir o cheiro em meu hálito. Assim, talvez eu pense que eu possa lidar com isso. Mas a comida ingerida compulsivamente aparece em meu pensamento. Fico menos atento e mais pronto a enganar a mim mesmo.

Para hoje: Aceito-me como sou, mas não me pouparei das duras perguntas: tenho o desejo de parar de comer compulsivamente? Será que realmente parei?"

O que falar disso? O desejo eu tenho mas eu não parei. Não parei porque não quero aceitar que tem alimentos que eu não sei lidar, como o açúcar e a massa, e ainda acredito que conseguirei um dia controlar. Também é difícil pra mim encarar o comer compulsivo como o alcoolismo. Mas se eu parto do pressuposto que o alcoolismo é uma dependência química, sei que também sou dependente quimicamente da comida, sou dependente da sensação química que a comida gera em mim, que é: o prazer, a exaustão e alegria imediata.

O que eu vou fazer com isso. Não sei, só sei que é hora de pensar ao invés de comer. Que Deus me dê força. Que quem me leia também me ajude.

Abraço M.